16 de fev. de 2014

Resumo - O Conceito de Normalidade em Psicopatologia

Disciplina
Psicopatologia Geral
Autor(es)
Paulo Dalgalarrondo
Título
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais

Capítulo 3
O Conceito de Normalidade em Psicopatologia

Conceito de Normalidade: apresenta grande controvérsia em psicopatologia.
v  Quando se trata de casos extremos, cujas alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e de longa duração, o delineamento entre as fronteiras do normal e patológico não é problemático.
v  Há casos limítrofes que a delimitação do conceito é difícil, ganhando especial relevância.
v  Este conceito também implica a definição do que é saúde e doença mental.
v  Apresenta desdobramentos em várias áreas da saúde:
1.    Psiquiatria legal e forense: determinação de anormalidade tem implicações legais, criminais e éticas podendo definir o destino social, institucional e legal de uma pessoa.
2.    Epidemiologia psiquiátrica: o conceito é problema e objeto de trabalho e pesquisa.
3.    Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: o conceito de normalidade impõe análise do contexto sociocultural; estudo da relação entre fenômeno supostamente patológico e o contexto social no qual tal fenômeno emerge e recebe este ou aquele significado cultural.
4.    Planejamento em saúde mental e políticas de saúde: estabelecer critérios de normalidade, verificar demandas assistenciais e as necessidades de serviços.
5.    Orientação e capacitação profissional: definição de capacidade e adequação de um indivíduo para exercer certa profissão.
6.    Prática clínica: discriminar no processo de avaliação e intervenção qual fenômeno é patológico ou normal, se faz parte de um momento existencial ou é algo francamente patológico.


Critérios de Normalidade: há vários critérios de normalidade e anormalidade em medicina e psicopatologia.
v  Varia de acordo com opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional.
v  Os principais critérios utilizados em psicopatologia são:
1.    Normalidade como ausência de doença.
a)    Indivíduo que não é portador de um transtorno mental definido.
b)    Critério falho e redundante, pois, define normalidade por aquilo que ela não é.
2.    Normalidade Ideal.
a)    Tomada como certa utopia.
b)    Estabelece uma norma ideal, o que é supostamente “sadio”, mais “evoluído.
c)    Socialmente constituída e referendada, por critérios socioculturais e ideológicos, às vezes, doutrinários e dogmáticos.
3.    Normalidade estatística.
a)    Identifica norma e frequência.
b)    Aplica-se especialmente a fenômenos quantitativos, com distribuição estatística na população geral.
c)    Indivíduos que se situam estatisticamente fora (ou no extremo) de uma curva de distribuição normal, passam a ser considerados anormais.
4.    Normalidade como bem-estar
a)    Organização Mundial de Saúde (WHO, 1946) definiu a saúde: completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença.
b)    O bem-estar físico é difícil de definir objetivamente, e o completo bem-estar físico e social é tão utópico que poucas pessoas se encaixariam na categoria “saudáveis”.
5.    Normalidade funcional
a)    É considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz sofrimento para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social.
6.    Normalidade como processo
a)    Considera os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários.
b)    Útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátricas.
7.    Normalidade subjetiva
a)    Maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação a seu estado de saúde, as suas vivências subjetivas.
b)    O ponto falho é que muitas pessoas que se sentem bem “muito saudáveis e felizes” apresentam, de fato, um transtorno mental grave.
8.    Normalidade como liberdade
a)    Autores de orientação fenomenológica e existencial propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial.
b)    Assim saúde mental se vincularia às possibilidades de transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino.
c)    A doença mental é constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais.
9.    Normalidade operacional
a)    Possui finalidades pragmáticas explícitas.
b)    Define-se a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar operacionalmente com esses conceitos, aceitando as conseqüências de tal definição prévia.
v  Diante dessa variedade de critérios de normalidade e de doença em psicopatologia o profissional deve ter permanentemente uma postura crítica e reflexiva.
Questões de revisão
v  Que áreas da saúde mental estão relacionadas com e implicadas no conceito de normalidade em psicopatologia?

v  Quais são os principais critérios de normalidade interligados em psicopatologia e quais suas “forças” e “debilidades”?

3 comentários:

  1. Legal! Muito bom conteúdo! Me ajudou em resumo sobre a Psicopatologia e normalidade.

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  2. Parabens, amei a criatividade

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  3. Qual a função da discussão entre normalidade e anormalidade para o estudo das psicopatologias?

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