10 de fev. de 2014

Resumo - O Desafio da Pesquisa Social

Disciplina
Temáticas de Pesquisa em Psicologia
Autor(es)
Maria Cecília de Souza Minayo (Org.)
Título
Pesquisa Social – Teoria, Método e Criatividade.
Capítulo I
O Desafio da Pesquisa Social









Ciência e cientificidade
Ø  Sempre existiu a preocupação do homem com o conhecimento da realidade.
Ø  É uma busca de conhecimento não exclusiva, não conclusiva e não definitiva.
Ø  No mundo ocidental a ciência é a forma hegemônica de construção da realidade:
a)    Devido à possibilidade de responder questões técnicas e tecnológicas.
b)    Ao estabelecimento de uma linguagem fundamentada em conceitos, métodos e técnicas. Utilizada de forma coerente, controlada e instituída por uma comunidade que a controla e administra sua reprodução.
Ø  O campo científico apesar de sua normatividade é permeado por conflitos e contradições.
a)    Cientificidade das ciências sociais: uniformidade x especificidade.
b)    Paul de Bruyne et al. (1995): cientificidade comporta um pólo de unidade e um pólo de diversidade.
Ø  Reflexão sobre cientificidade das ciências sociais:
a)    Tratar de uma realidade da qual nós somos agentes, não escapa da possibilidade de objetivação?
b)    Buscar a objetivação própria das ciências naturais não descaracteriza os fenômenos e processos sociais?
c)    Que método geral poderia ser proposto para explorar uma realidade tão marcada pela especificidade e diferenciação?
d)    A pesquisa social se faz por aproximação, mas ao progredir, elabora critérios de orientação cada vez mais precisos.

Critérios Gerais das Ciências Sociais (CS)
Ø  O objeto das ciências sociais é histórico.
a)    Deve-se considerar a construção social em um dado espaço e sua forma particular de organização, entretanto, todas que vivenciam a mesma época histórica têm alguns traços em comum.
b)    As sociedades vivem o presente marcado por seu passado e com tais determinações constroem seu futuro.
c)    É uma dialética constante entre o que está dado e o que será fruto de seu protagonismo.
d)    Possui consciência histórica. Está ligado ao nível de consciência histórica da sociedade, que dão significado a suas ações e construções.

Ø  Como características da questão social, estão presentes: provisoriedade, dinamismo e a especificidade.
Ø  Existe uma identidade entre sujeito e objeto, tornando-os imbricados e comprometidos.
Ø  As CS são intrínseca e extrinsecamente ideológicas, passa por interesses e visões de mundo historicamente criadas.
Ø  Na investigação social a relação entre pesquisador e seu campo de estudos se estabelece definitivamente.
Ø  A relação entre conhecimento e interesse deve ser compreendida como critério de realidade e busca de objetivação.
Ø  O objeto das CS é essencialmente qualitativo.

Conceito de Metodologia de Pesquisa
Ø  Metodologia: é entendida como um caminho do pensamento e prática exercida na abordagem da realidade.
a)    Teoria da abordagem (método);
b)    Instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas);
c)    Criatividade do pesquisador (experiência, capacidade pessoal e sensibilidade).

Ø  Pesquisa: atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade.
a)    Atualiza frente à realidade do mundo;
b)    Vincula pensamento e ação;
c)    As questões da investigação estão relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente condicionadas;
d)    Toda investigação se inicia por uma questão, por um problema, que ao serem respondidos se vinculam a conhecimentos anteriores ou a criação de novos referenciais.

Ø  Teorias: conhecimentos que foram construídos cientificamente sobre determinado assunto.
a)    Construída para compreender um conjunto de proposições;
b)    Este conjunto constitui o domínio empírico da teoria;
c)    Esclarece o melhor o objeto da investigação;
d)    Ajudam a levantar questões, focalizar o problema, as perguntas e estabelecer hipóteses;
e)    Maior clareza na organização de dados;
f)     Iluminam a análise de dados.

Ø  Proposições: são declarações afirmativas, são hipóteses comprovadas sobre fenômenos ou processos sobre os quais interrogamos, e devem ter características básicas:
a)    Capazes de lançarem luz sobre questões reais;
b)    Claras e inteligíveis;
c)    Precisão nas relações abstratas entre elementos, fatos e processos que buscam explicar ou interpretar.

Ø  Discurso: conjunto de proposições logicamente relacionadas em uma teoria, com as seguintes características:
a)    Ordenação do que é principal e do que é secundário;
b)    Apresentação sistemática;
c)    Organização do pensamento e sua articulação com o real concreto;
Ø  A teoria tem como proposta ser compreendida pelos membros de uma comunidade acadêmica.

Ø  Domínio de teorias: fundamenta nosso caminho do pensamento e da prática teórica além de constituir o plano interpretativo para nossas indagações de pesquisa, seja para desenvolvê-las, para respondê-las, ou para, propor um novo discurso.

Ø  Conceitos: são vocábulos ou expressões carregados de sentido (história e ação social).
a)    Aspecto cognitivo: o conceito é delimitador e focalizador do tema em estudo.
b)    Ao formular um problema de pesquisa, conceitue cada um dos termos.
c)    Realize uma pesquisa bibliográfica para cada uma das expressões e trabalhe-as historicamente, com divergências e convergências.
d)    Somente após coloque sua posição e hipóteses.
e)    Ao delimitar um conceito, considerá-lo se este é valorativo, pragmático e comunicativo:
(1)  Valorativo – a que corrente teórica os conceitos adotados estão filiados.
(2)  Pragmático – capacidade de ser operativo para descrever e interpretar a realidade.
(3)  Comunicativo – claro, preciso, abrangente e ao mesmo tempo específico.
f)     Classificação de conceito:
(1)  Conceitos teóricos – compõem e estruturam o discurso da pesquisa, nível da abstração.
(2)  Conceitos de observação direta – definem os termos com os quais o pesquisador trabalha em campo ou nas análises documentais.
(3)  Conceitos de observação indireta – fazem a relação do contexto da pesquisa com os conceitos da observação direta.

Pesquisa Qualitativa
Ø  Trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.
Ø  O universo da produção humana que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da intencionalidade.

Ø  Positivismo: principal influência nas CS é a utilização da filosofia e conceitos matemáticos para a compreensão da realidade. O que resulta na apropriação da linguagem de variáveis para especificar atributos e qualidades do objeto de investigação.


Ø  Objetividade: A análise social é considera objetiva quando é realizada sobre realidade concreta ou pela criação de modelos matemáticos por instrumentos padronizados e pretensamente “neutros”.

Ø  Compreesivismo: Em oposição ao positivismo a Sociologia Compreensiva responde diferente à questão qualitativa (fenomenologia, etnometodologia, interacionismo simbólico).
a)    Coloca como foco a compreensão da realidade humana vivida socialmente.
b)    Sendo o significado o conceito central da investigação.
c)    Propõe a subjetividade como constitutiva do social e inerente à construção da objetividade nas CS.
d)    Tem como matéria-prima as vivências, experiências, a cotidianeidade. A linguagem, os símbolos, as práticas, as relações e as coisas são inseparáveis.

Ø  Marxismo: a abordagem marxista considera a historicidade dos processos sociais e dos conceitos, as condições socioeconômicas de produção do fenômenos e as contradições sociais.
a)    Propõem uma abordagem dialética, que valoriza quantidade e qualidade, com as contradições intrínsecas às ações e realizações humanas, e com o movimento perene entre parte e todo e interioridade e exterioridade dos fenômenos.


Ciclo da pesquisa qualitativa
Ø  A pesquisa não precede da criatividade, e sim se baseia em conceitos, proposições, hipóteses, métodos, técnicas, linguagem, com um ritmo próprio e particular.
Ø  A esse ritmo denominamos Ciclo de Pesquisa:
a)    Um trabalho em espiral.
b)    Começa com uma pergunta e termina com uma resposta ou produto, que dá origem a novas interrogações. 
c)    Divididos em três etapas:
(1)  Fase exploratória
i.      Produção do projeto de pesquisa;
ii.    Preparo para entrada no campo;
iii.   Definição e delimitação do objeto e desenvolvê-lo teórico e metodologicamente;
iv.   Colocar hipóteses e pressupostos para encaminhamento;
v.    Escolher e escrever os instrumentos de operacionalização;
vi.   Pensar o cronograma de ação;
vii.  Fazer procedimentos exploratórios para escolha do espaço e da amostra.
(2)  Trabalho de campo
i.      Levar a construção teórica para a prática empírica;
ii.    Combina instrumentos de observação, entrevistas ou outras modalidades de comunicação e interlocução com os pesquisados;
iii.   Levantamento do material documental e outros;
iv.   Momento relacional e prático de confirmação ou refutação de hipóteses e construção de teoria.
(3)  Análise do tratamento do material empírico e documental
i.      Conjunto de procedimentos para valorizar, compreender, interpretar os dados empíricos, articulá-los com a teoria que fundamentou o projeto.
ii.    Dividindo-os em três momentos de procedimento:
(a)  Ordenação dos dados;
(b)  Classificação dos dados;

(c)  Análise propriamente dita.

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