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18 de fev. de 2014

Resumo - O Psicodiagnóstico Interventivo Sob o Enfoque da Narrativa

Disciplina
PSICODIAGNÓSTICO
Autor(es)
Silvia Ancora Lopez
Título
Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma prática.

Capítulo III

O Psicodiagnóstico Interventivo Sob o Enfoque da Narrativa

1)    Definições
a)    Psicodiagnóstico tratado sob o enfoque do discurso, mais especificamente da narrativa.
b)    Discurso: associa-se a expor com método, raciocinar, discorrer, dar largas explicações, discutir. O resultado de um processo de raciocínio sobre o que já está delimitado, esperando o momento de exposição pela fala.
c)      A construção e a descoberta do inesperado surgem no discurso, criam-se significados, a palavra revela seu poder.
d)    Benjamin (1936) trata uma das formas possíveis de discurso: a narrativa.
e)    Narrativa: forma de comunicação florescente no mundo artesão de outrora, o que importava era o próprio relato das circunstâncias da experiência vivida.
                                                                   i.    Foi substituída, gradualmente por outro tipo de comunicação: a informação.

Narrativa
·         Relato da experiência vivida;
·         É um trabalho artesanal;
·         Aberta, liberdade ao leitor para interpretar a história contada.
·         Sem compromisso com a verdade ou fatos;
·         Florescentes no mundo artesão.


Informação 
·         Destituída da experiência vivida;
·         Precisa ser suficiente em si;
·         Plausível e passível de verificação;
·         Compromisso com a verdade factual e objetiva.
·         Submete-se a organização da vida moderna.


f)     Para Benjamin (1936) a pobreza da comunicação que se evidencia na sociedade da informação aproxima-se do empobrecimento da própria experiência humana.

2)    Psicodiagnóstico Interventivo a luz de Benjamin (1936):
a)    Os pais ao falar de seus filhos não estão apenas dando informações, antes de tudo, estão, narrando uma história cheia de experiências.
b)    Mostram a maneira de significar os fatos, seu olhar sobre eles, a maneira como se sentem impactados.
c)     Se o ouvinte estiver disponível à escuta sentirá que a narrativa toca sua própria existência.
d)    Não é um mero processo de investigação, mas uma aventura dinâmica de construção artesanal, realizada a várias mãos: do psicólogo, das crianças, dos pais e das demais pessoas envolvidas neste processo.
e)    O homem não é um objeto a ser esmiuçado com lentes investigativas, mas alguém que participa conosco de um processo dinâmico de descoberta e construção.
f)     Processo vai-e-vem:
                                                       i.    Semelhante ao artesão que modela sua escultura;
                                                     ii.    Os pais ao narrarem suas histórias, dando-lhes forma, impactam nossas experiências, e isto, ajuda a compreendê-los;
                                                    iii.     O que dizemos aos pais também os afeta, continuando a modelagem.

3)    Pressupostos de Husserl – Consciência Intencional:
a)    Aquilo que é contado não deve ser entendido como uma verdade no sentido objetivo;
b)    Dá-se em uma consciência atribuidora de significados;
c)    Aquilo que é contado, o que é vivido pelos pais, é a sua verdade.
d)    A história contada é uma narrativa, ela é aberta a novos significados, que surgem, no próprio processo de narrar e origina-se na experiência vivida.

4)     Espaço do Psicodiagnóstico Interventivo: possibilita mudanças, na medida em que algo pode ser experienciado e falado, uma transformação ocorre, não meramente cognitiva, intelectual, mas existencial, modifica-se o posicionamento, a forma de ser pessoa.
a)    Falar e pensar são indissociáveis: através da fala que o pensamento se cumpre e as significações se dão. A fala é manifestar e desdobrar do ser. A narrativa dos pais é, pois, um movimento existencial.
                                                       i.    Toda fala tem um caráter inaugural, pois, novos sentidos são acrescentados as palavras existentes.
                                                       ii.    Mesmo com um significado compartilhado em determinada cultura, as palavras mudam de significado ao longo do tempo.
                                                      iii.    Compreender as significações que a narrativa tece, procurar um encontro com o outro através da fala, dos sentidos ali empregados.
                                                     iv.    Ao pronunciarem as suas experiências os pais também as escutam e podem vê-las e senti-las melhor, e os significados articulados começam a se transformar.
b)    Psicólogo no processo de psicodiagnóstico:
                                                    i.    Não é saber mais sobre o outro do que ele mesmo sabe;
                                                   ii.    Devemos saber esperar que o processo se desenvolva;
                                                  iii.    Não explicar as situações a partir de referências teóricas externas e classificar os clientes em categorias pré-estabelecidas;
                                                 iv.    É um processo artesanal que parte da experiência vivida pelas pessoas, narrada e compartilhada nas várias histórias;
                                                  v.    As experiências vividas ganha espaço através dessas narrativas, e elas, transformam os significados da experiência vivida.
                                                 vi.    Os significados das palavras não podem ser pressupostos, mas é necessário um esforço de compreensão para não achar que sabemos o que ainda não sabemos.

5)    As devolutivas para as crianças em forma de narrativas.
a)    Prática proposta: elaborar pequenas histórias para o encontro no qual devolvemos as crianças o que fomos compreendendo.
b)    História: criamos personagens, imagens, recortes ou imagens digitais e montamos uma história que reflete a compreensão que tivemos da criança  durante nossos encontros e que possa ser compartilhada com ela.
c)    Este modo de devolutiva é também uma narrativa, não atribuímos nada da história a criança e ela é livre para aceitá-la ou não, mudá-la ou não e atribuir seus próprios significados.
d)    Esta possibilita um jogo simbólico entre os psicólogos e a criança, aproximando-a de si mesmo de forma lúdica e estimulante.
e)    Possibilitam o resgate da própria experiência vivida, retomam o passado e o futuro no tempo presente.

f)     O ali e agora do psicodiagnóstico interventivo recria outras possibilidades de ser, quebra o silêncio e põe em movimento a pessoa que busca o psicólogo.

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