Disciplina
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Abordagem Humanista em Psicologia
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Autor(es)
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ROGERS, Carl.
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Título
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Tornar-se Pessoa.
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Capítulo
8
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“Ser o que realmente se é” – os objetivos pessoais
vistos por um terapeuta.
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1) O que é que o ser humano procura quando se
tem liberdade de escolher? Qual seu objetivo de vida?
a)
Existem muitos objetivos possíveis (glorificar a
deus, imortalidade, satisfazer desejos, alcance de bens materiais, posição,
conhecimentos ou poder,etc.).
b)
Estudo realizado por Charles Morris identificou
diferenças de objetivos de vida entre grupos de estudantes de diferentes
nacionalidades, entre elas cinco principais dimensões.
c)
Entretanto Rogers não considerou satisfatórias
as dimensões colocadas por Morris, pois estas não contemplaram o objetivo de
vida dos seus clientes.
d)
Como melhor forma de expor a finalidade
elucidada por seus clientes, ele utiliza as palavras de Soeren Kierkegaard “ser
o que realmente se é”.
2) Direções tomadas pelo cliente.
a)
O cliente mostra tendência para se afastar, com
hesitações ou receio, de um eu que ele não
é. Mesmo que não saiba o caminho, ele desvia de alguma coisa.
b)
Começa a definir, embora negativamente, o que
ele é.
c)
O receio de tornar-se aquilo que é o faz
esconder atrás de uma fachada.
d)
Outra tendência do mesmo gênero surge no cliente
que se desvia de uma imagem compulsiva daquilo que ele “devia ser”.
e)
Outros clientes se percebem fugindo daquilo que
a cultura espera que eles sejam. Rogers observou que muitos indivíduos se
formaram procurando agradar aos outros, mas que, quando são livres, se
modificam.
f)
Os clientes definem seus objetivos, suas
intenções, por meio da descoberta, na liberdade e na segurança de relações
compreensivas, de algumas direções que não
querem seguir.
g)
Preferem não esconder, nem a si nem aos seus
sentimentos, de si mesmos ou de qualquer outra pessoa que seja para eles
importante.
h)
Não querem ser o que “deviam” ser, quer esse
imperativo venha dos pais, ou da sociedade, quer ele seja definido de uma forma
positiva ou negativa.
i. Não
querem moldar a si mesmos dentro de um modelo que seja do agrado dos outros.
ii. Não
querem escolher o que quer que seja artificial algo que lhes seja imposto ou
definido do exterior.
iii. Compreenderam
que esses objetivos ou finalidades não têm valor, mesmo que por eles tenham
vividos até agora.
3) A caminho da autodireção.
a)
O que implica de positivo a experiência dos
clientes?
b)
O cliente encaminha-se para a autonomia, começa
gradualmente a optar por objetivos que ele pretende atingir. Torna-se
responsável por si mesmo.
c)
Decide que atividade e comportamentos significam
alguma coisa para si e os que não significam nada.
d)
A liberdade para uma pessoa ser ela mesma é uma
liberdade cheia de responsabilidade, e um indivíduo procura atingi-la com precaução,
com receio e, no início, quase sem confiança nenhuma.
e)
Esta implica opções e aprender das
conseqüências.
f)
Ele encaminha-se mais abertamente para se tornar
um processo, uma fluidez, uma mudança. Não ficam perturbados ao descobrir que
não são os mesmos em cada dia que se passa, que não têm sempre os mesmos
sentimentos em relação a determinada experiência ou pessoa, que nem sempre são
conseqüentes.
i. Eles
estão num fluxo e parecem contentes por permanecerem nele.
ii. O
esforço para estabelecer conclusões e afirmações definitivas parece diminuir.
g)
O cliente se move para ser um processo de
possibilidades nascentes, mais do que para ser ou para tomar-se qualquer
objetivo cristalizado.
4) A caminho de ser.
a)
O desejo de ser tudo de si mesmo em cada momento era um desejo comum a todos
aqueles que pareciam mostrar muito dinamismo na terapia. Sendo este um objetivo
difícil, senão impossível em sentido absoluto.
b)
Uma das mais evidentes tendências nos clientes é
assumir toda a complexidade do seu eu em mutação em cada momento significativo.
5) A caminho de uma abertura para a
experiência.
a)
“Ser o que realmente se é” implica ainda em
outros componentes.
b)
Uma delas: é a tendência do indivíduo para viver
numa relação aberta, amigável e estreita com a sua própria experiência.
i. Esta
não acontece facilmente. Muitas vezes quando o cliente percebe sua nova faceta
inicialmente a rejeita.
ii. Apenas
quando vivencia um aspecto negado, num clima de aceitação, que pode tentar
assumi-lo como uma parte de si mesmo.
iii. O
cliente tenta ouvir a si mesmo, tenta ouvir as mensagens e as significações que
lhe são comunicadas a partir de suas próprias reações fisiológicas.
iv. Começa
a querer estar próximo das suas fontes internas de informação mais do que
permanecer fechado a elas.
6) A caminho de uma aceitação dos outros.
a)
Intimamente ligada a essa abertura à
experiência, tanto interior como exterior, dá-se de um modo geral uma abertura
e uma aceitação das outras pessoas.
b)
À medida que um indivíduo se torna capaz de
assumir sua própria experiência, caminha em direção à aceitação da experiência
dos outros.
c)
Ele aprecia e valoriza tanto sua experiência
como a dos outros por aquilo que elas são.
7) Caminhando para a confiança em si mesmo.
a)
O cliente cada vez mais confia nesse processo
que é ele mesmo, valorizando-o.
b)
Adquirem criatividade na sua esfera própria, à
medida que ganham maior confiança no processo que neles se desenvolve e ousam
ter os seus próprios sentimentos, viver com valores que descobriram dentro de
si e exprimi-los na sua forma pessoal e única.
8) A direção geral.
a)
O indivíduo se move em direção a ser, com conhecimento de causa e numa
atitude de aceitação, o processo que ele é de fato em profundidade.
b)
Afasta-se do que não é, de ser uma fachada.
c)
Não procura mais do que é, com todos os
sentimentos de insegurança e os mecanismos de defesa que isso implica.
d)
Não tenta ser menos do que é, com os sentimentos
implícitos de culpabilidade ou depreciação de si.
e)
Está cada vez mais atento ao que se passa nas
profundezas do seu ser fisiológico e emocional e descobre-se cada vez mais
inclinado a ser, com precisão e profundidade maiores, aquilo que é da maneira
mais verdadeira.
f)
Ser o que realmente é, eis o padrão de vida mais
elevado, quando é livre para seguir a direção que quiser.
g)
Não se trata de uma simples escolha intelectual
de valores, mas parece ser a melhor descrição do comportamento hesitante,
provisório e incerto através do qual procede à exploração daquilo que quer ser.
9) Alguns mal-entendidos
a)
Ser o que se é – é permanecer estático?
i. A
pessoa encontra-se fixada em comportamentos que lhe desagradam.
ii. Foi
apenas no tornar-se mais no que é, que pôde ser mais o que em si mesma negaram
e encarar assim qualquer mudança.
b)
Implica maldade?
i. Uma
reação habitual é que ser o que realmente se é significaria ser mau,
descontrolado, destrutivo.
ii. Quanto
mais ele for capaz de permitir que esses sentimentos fluam e existam nele,
melhor estes encontram o seu lugar adequado numa total harmonia.
iii. Descobre
que tem outros sentimentos que se juntam a estes e se equilibram.
iv. Realizam
uma harmonia construtiva e não um mergulho em qualquer forma de vida
descontrolada.
10) Resumo
a)
Qual o objetivo da minha vida?
b)
Na relação terapêutica o cliente liberto de
ameaça e com possibilidade de escolha, revela na sua vida uma semelhança de
direção e finalidade.
c)
Tendem a afastar-se da idéia já feita sobre si,
daquilo que os outros esperavam deles.
d)
O movimento característico do cliente é que lhe
permite ser ele mesmo livremente, o processo instável e fluido que ele é.
e)
Encaminha-se para uma abertura amigável,
aprendendo a ouvir-se com sensibilidade.
f)
Assim ele é cada vez mais harmonia de sensações
e reações complexas, caminhando para a aceitação de sua essência.
g)
Aceitando os outros de modo mais atento e
compreensivo.
h)
Confia e valoriza os complexos processos
internos de si mesmo, quando eles emergem para a expressão.
i)
Descobre que ser este processo em si mesmo é
elevar ao máximo a capacidade de transformação e de crescimento.