28 de fev. de 2014

Resumo - Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão.

Disciplina
Temática de Pesquisa em Psicologia
Autor(es)
Hartmut Gunther
Título
Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão.

Variabilidade de Comportamentos
Ø  Ótica das ciências sociais (CS) empíricas existe três aproximações principais para compreender o comportamento e os estados subjetivos:
a)     Observação do comportamento – ocorre naturalmente em âmbito real (documentos, diários, filmes, gravações);
b)    Experimento – observar o comportamento em situações artificiais e diante de tarefas definidas;
c)    Survey- perguntar as pessoas sobre o seu comportamento e seus estados subjetivos.
Ø  Estas famílias de métodos de conduzir estudos empíricos possuem vantagens e desvantagens, ligadas a qualidade dos dados obtidos, às possibilidades de sua obtenção e à maneira de sua utilização e análise.
Ø  Estas famílias de métodos são unidas pelo fato de partirem de perguntas essencialmente qualitativas.

Diferenças entre Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
1.    Características da Pesquisa Qualitativa
1.1. Pressupostos por Flick, Von Kardorff e Steinke (2000)
a)     Realidade social vista como construtora e atribuidora social de significados;
b)     Ênfase no caráter processual e na reflexão;
c)      Condições “objetivas” de vida têm relevância por meio de significados subjetivos;
d)      O refazer do processo de construção das realidades sociais (caráter comunicativo) torna-se ponto de partida da pesquisa.
1.2. Atributos da pesquisa:
a)       Características gerais;
b)       Coleta de dados;
c)       Objeto de estudo;
d)       Interpretação dos resultados;
e)       Generalização.
1.3. Características Gerais – Dilthey, Flick e cols.
a)       Compreensão como princípio do conhecimento – preferência em estudar relações complexas ao invés de explicá-las por meio do isolamento de variáveis;
(1)   Pode ser considerado um contraponto artificial, pois dificilmente um pesquisador exclui o interesse em compreender as relações complexas.
(2)   Defende é que a maneira de chegar a tal compreensão é por meio de explicações ou compreensões das relações entre variáveis.
b)       Construção da realidade a pesquisa é percebida como um ato subjetivo de construção;
c)       Descoberta e construção de teorias – são objetos de estudo desta abordagem;
d)       Ciência baseada em textos – a coleta de dados produz textos, que são interpretados hermeneuticamente.
1.4. Coleta de Dados
a)       Maryring e Flick e cols: consideram o estudo de caso como ponto de partida ou elemento essencial da pesquisa qualitativa.
b)       Princípio da Abertura: no qual, métodos e técnicas são adaptados ao caso específico, ao invés de um método padronizado e único, ou seja, adéquam-se ao objeto de estudo.
c)       Ao mesmo tempo, a diversidade inclui perguntas fechadas e abertas, implica passos prederteminados e abertos , utiliza  procedimentos qualitativos e quantitativos.
1.5. Objeto de Estudo
a)       Totalidade do indivíduo: esta ênfase no indivíduo como objeto de estudo é essencial para a pesquisa qualitativa (Princípio da Gestalt);
b)       Historicidade: é sempre visto na concepção do objeto de estudo qualitativo, no que diz respeito ao processo desenvolvimental do indivíduo e no contexto que o indivíduo se formou.
c)        Problema da pesquisa: sublinha-se que este seja o ponto de partida de um estudo.
d)       A diferença entre pesquisa básica e aplicada não é frutífera.
e)       As perspectivas dos participantes também são relevantes.
f)        Posição Gestalt x Experimentalistas: todo é maior do que a soma das suas partes, não significa que não possa ser conveniente, concentrar-se apenas numa parte do processo da pesquisa.
1.6. Interpretação dos Resultados
a)       Acontecimentos e conhecimentos cotidianos: no âmbito da pesquisa não são desvinculados da vida fora do mesmo.
(1)   Em pesquisa quantitativa este item depende da audiência e do meio de divulgação.
(2)   Um nível maior de abstração pode impedir a inclusão do cotidiano, qualquer passo na direção de uma aplicação de resultados necessariamente inclui o dia-a-dia.
(3)   O mesmo se aplica para o contexto.
b)       Contextualidade: fio condutor de qualquer análise em contraste com uma abstração nos resultados, para que sejam generalizáveis.
c)       Reflexão Contínua: sobre o seu comportamento enquanto pesquisador.
(1)   Deve acontecer em qualquer tipo de pesquisa.
d)       Interação Dinâmica: entre o comportamento do pesquisador e o seu objeto de estudo.
(1)   Em pesquisa quantitativa dificilmente se escuta o participante após a coleta de dados.
2.    Generalização de Resultados
a)       Generalização Argumentativa: dependem de uma argumentação explícita apontando quais generalizações seriam factíveis para circunstâncias específicas. Assim uma amostra representativa asseguraria a possibilidade de uma generalização dos resultados.
b)       Processo Indutivo: partir de elementos individuais para chegar a hipóteses e generalizações. Este processo deve seguir regras específicas a cada circunstância.
c)       Quantificação: a função da abordagem qualitativa é a de permitir uma quantificação com propósito.
3.    Postura do Pesquisador
a)       Na pesquisa qualitativa há aceitação explícita da influência de crenças e valores sobre a teoria, sobre a escolha de tópicos de pesquisa, sobre métodos e sobre a interpretação de resultados.
b)       Constata-se também o envolvimento emocional do pesquisador com o seu tema de investigação.
4.    Estratégia de Coleta de Dados
a)       Qualquer variável pode explicar uma parte, da variabilidade do fenômeno sob estudo.
b)       Existem variáveis que por razões teóricos e/ou de experiência prévia são mais promissoras que outras.
c)       Há de se limitar as variáveis estudadas num mesmo tempo a um número manejável.
d)       Limitar o número de variáveis não implica           que as demais variáveis sejam consideradas improcedentes – uma boa pesquisa sempre estará aberta ao surgimento de novas variáveis e a explicações alternativas do cenário considerado no início da investigação.
5.    Estudo de Caso
a)       As abordagens qualitativas tendem a ser associadas a estudos de caso, dependem de estudos quantitativos, que visem gerar resultados generalizáveis.
b)       Num estudo de caso é possível utilizar tanto procedimentos qualitativos quanto quantitativos.
6.    Papel do Sujeito
a)       Indagar sobre o grau de passividade dos participantes de uma pesquisa.
b)       Até que ponto os sujeitos de um estudo são envolvidos na concepção, realização e interpretação de resultados de uma pesquisa?
c)       Pesquisa-ação de Lewin (1982) – poderia ser usada por qualquer abordagem, observacional; experimental; survey; qualitativa; quantitativa.
7.    Aplicabilidade e Uso da Pesquisa
a)       Controvérsia entre o valor da ciência básica versus ciência aplicada.
b)       Associação da pesquisa aplicada com pesquisa qualitativa e pesquisa básica com quantitativa.
c)       Discussão sobre a finalidade do conhecimento na pesquisa qualitativa (ajudar as pessoas a obter autodeterminação) e pesquisa quantitativa (avanço do conhecimento aplicável a todas as pessoas).
d)       Estas distinções (básica e aplicada) e associações a finalidade do conhecimento (quantitativa e qualitativa) mostram-se pouco relevantes.
e)       A postura do pesquisador diante do seu objeto de estudo pode levar a estratégias de pesquisa diferentes, mas não significa que um, ou outro, atribua maior valor ao contexto sociocultural da pesquisa.

Pesquisa Qualitativa: Delineamento, Coleta, Transcrição e Análise de Dados
1.    Delineamento da Pesquisa
1.1. Estudo de Caso
a)       Coleta e análise de dados sobre um exemplo individual para definir um fenômeno mais amplo.
b)       Estes dados podem ser tanto qualitativos quanto quantitativos.
c)       Pode observar comportamento no seu contexto natural, criar experimentos que utilizem o sujeito como seu próprio controle, realizar entrevistas, aplicar questionários ou administrar testes.
1.2. Análise de Documento
a)       É a variante mais antiga para realizar pesquisa, especialmente em revisão de literatura.
b)       Além de leitura e resumo de ideias, é possível extrair e sumarizar resultados por meio de meta-análise.
c)       Dependendo da natureza dos documentos existem as mais diferentes maneiras de encará-los, desde relatos verbais e respostas a perguntas de pesquisadores futuros, até segmentos de texto selecionados como “sujeitos” entre um corpo lingüístico grande, por meio de procedimentos de amostragem.
1.3. Pesquisa-ação
a)       Na perspectiva original seria de realizar investigações que contribuam, ao mesmo tempo, para o avanço científico e à transformação social (Lewin, 1982).
b)       A pesquisa-ação independe da técnica podendo ser utilizada com experimento, observação ou survey.
c)       Observa-se ainda a junção entre a pesquisa-ação e a pesquisa participante.
1.4. Pesquisa de Campo
a)       Engloba uma ampla variedade de delineamentos desde a sua introdução ao contexto acadêmico.
b)       Do ponto de vista de método da pesquisa qualitativa constitui uma integração de diferentes abordagens e técnicas.
1.5. Experimento qualitativo e avaliação qualitativa
a)       Estes procedimentos podem incluir uma abordagem qualitativa.
2.    Coleta de Dados
2.1. Tipos de Entrevista
a)       Focalizada;
b)       Semi-estandardizada;
c)       Centrada num problema;
d)       Centrada no contexto.
2.2. Tipos de Relatos
a)       Entrevista narrativa;
b)       Entrevista episódica;
c)       Contos.
2.3. Tipo de Procedimentos Grupais
a)       Entrevista em Grupo;
b)       Discussão em Grupo;
c)       Narrativa em Grupo.
2.4. Procedimentos Visuais
a)       Observação;
b)       Observação participante;
c)       Etnografia;
d)       Fotografia;
e)       Análise de Filmes.
2.5. Levantamento de dados
a)       Dados verbais por meio de entrevista centrada num problema;
b)       Entrevista narrativa;
c)       Grupo de discussão;
d)       Dados visuais por meio de observação participante.
3.    Transcrição de Dados
3.1. Representação de Dados: os meios de representação de dados são intimamente ligados às técnicas de coleta dos mesmos.
3.2. Transcrição de Dados: a transcrição do material verbal pode tomar as mais variadas formas.
a)       A mais detalhada é a transcrição literal de uma entrevista gravada, é a mais completa, mais informativa, e também a mais cara em termos de tempo e dinheiro.
b)       A transcrição comentada se registra explicitamente hesitações na fala além de expressões faciais e corporais (registros filmados ajudam este tipo de transcrição).
c)       O protocolo resumido implica em um processamento da informação dentro de um esquema interpretativo já existente.
3.3. Construção de Sistemas Descritivos: faz um elo entre a coleta de dados e a interpretação dos mesmos.
a)       Não é livre de perspectivas, valores e emoções de quem prepara um sistema de categorização de eventos.
b)       A descrição detalhada dos procedimentos da coleta, da transcrição e da análise de dados é essencial.
4.    Análise de Dados
a)       Grounded Theory;
b)       Análise Fenomenológica;
c)       Paráfrase social-hermenêutcica;
d)       Análise de conteúdo qualitativa;
e)       Hermenêutica objetiva;
f)        Interpretação psicanalítica de textos;
g)       Análise Tipológica.

Critérios de Qualidade de Pesquisa
a)    Perguntas: são claramente formuladas?
b)    Delineamento da pesquisa: é consistente com o objetivo e as perguntas?
c)    Paradigmas e construtos analíticos: foram bem explicitados?
d)    Posição Teórica e expectativas do pesquisador: foram bem explicitados?
e)    Procedimentos metodológicos: adotou regras explícitas? São bem documentados?
f)     Procedimentos analíticos: adotou regras explícitas? São bem documentados?
g)    Coleta de dados: foi coletado em todos os contextos, tempos e pessoas sugeridos no delineamento?
h)   Detalhamento da análise: considera resultados não-esperados e contrários ao esperado?
i)     Discussão dos resultados: leva em conta possíveis alternativas de interpretação?
j)      Resultados: são ou não congruentes com as expectativas teóricas? São acessíveis tanto para a comunidade acadêmica quanto para os usuário no campo? Estimulam ações básicas e aplicadas futuras?

k)    Teoria: foi explicitada que pode ser derivada dos dados e utilizada em outros contextos?

27 de fev. de 2014

Resumo - Onde Falta Melhorar a Pesquisa em Psicologia no Brasil sob a Ótica de Carolina Martuscelli Bori.


Disciplina
Temática de Pesquisa em Psicologia’
Autor(es)
Sílvio Paulo Botomé
Título
Onde Falta Melhorar a Pesquisa em Psicologia no Brasil sob a Ótica de Carolina Martuscelli Bori.


1.    Seminário Acadêmico – 1984:  
v  Ocorreu na Universidade de Brasília – UNB.
v  A professora Carolina Martuscelli Bori participou de um debate com outros dois cientistas de Psicologia.
v  Debate ocorreu em uma mesa redonda sobre “A pesquisa no Brasil; problemas e soluções”.
v  Esteve focalizado na formação em Análise Experimental do Comportamento.
v  A professora Carolina Bori explanou sobre “o que falta fazer em Ciência na área da Psicologia no Brasil”.

2.    Pesquisa, Psicologia e Brasil:
v  É necessário aumentar a percepção sobre os problemas que existem nas relações entre o que cada uma dessas três palavras abrange e significa.
v  É necessário haver uma grande familiaridade dos pesquisadores em relação ao que está acontecendo com o “pesquisador” no País.
v  Essa discussão não pode ser feita em termos gerais (muito pouco) e nem sobre aspectos específicos (impressão de que está tudo bem).
v  Questão: no que, em que grau de abrangência ou de que forma pode ser útil examinar a “pesquisa em Psicologia no Brasil”?

3.    Participação de Psicologia nas discussões sobre Ciência no Brasil
v  Talvez nessas discussões não esteja existindo a contribuição da Psicologia, perdendo a possibilidade de acompanhar debates e decisões.
v  Quando o problema da pesquisa no Brasil é objeto de exame, o primeiro aspecto a localizar é o contexto do Brasil se um país de terceiro mundo.
v  Só é possível equacionar “soluções” da Ciência e Tecnologia apropriadas ao desenvolvimento deste País.
v  Compreender que este País tem uma condição diferente dos países já consagrados como produtores de Ciência e Tecnologia.

4.    Pesquisa em Psicologia no Brasil
v  O que precisa ser feito de pesquisa em Psicologia no Brasil?
v  Para isso é necessário ter claro o que está sendo reivindicado pela comunidade científica deste País.
v  É uma comunidade que vive angustiada pelos problemas típicos do Terceiro Mundo.
v  A pesquisa científica esta relacionada com o desenvolvimento social, assim tem-se muito a pesquisa para resolver estes problemas e dificuldades.
v  Implicações para os pesquisadores: há uma grande quantidade do que precisa ser pesquisado e uma pequena quantidade de pessoas a pesquisar.
v  O que pesquisar: não é uma escolha individual, é uma atividade que tem uma responsabilidade social de toda a comunidade científica.
v  Opções pela pesquisa: devem ser realizadas como uma opção de serviço, porque a população precisa de ajuda.
v  Desafio do cientista: a população precisa ser auxiliada para poder acompanhar os cientistas e estar junto com eles, assim, o cientista precisa aprender a falar para as pessoas dos mais diferentes segmentos da população.
v  Percepção Fundamental: que Ciência e Tecnologia são dois ingredientes que poderão ajudar a superar muitos problemas de desenvolvimento do País.
v  Para trabalhar com Ciência e Tecnologia, os cientistas brasileiros precisam dominar o conhecimento existente, sem dominá-lo não superamos as condições em que vivemos.
v  Necessita estudar sempre, muito e de tudo que possa relacionar-se com a área em que trabalha.
v  O aluno principalmente de Psicologia, precisa ser uma pessoa com participação ativa, com a visão de que ele precisar dominar o conhecimento existente porque é disso que depende o desenvolvimento do País onde ele está.
v  Finalidade: que não tem nada do egoísmo de interesses ou preferências pessoais, e sim, muito de desafio e responsabilidade social.
v  Universidade: lugar apropriar-se do conhecimento e torná-lo acessível à sociedade. Mesmo nos países desenvolvidos, onde há empresas que fazem pesquisa, a grande parte da produção de conhecimento é feita nas universidades.
v   Os procedimentos pelos quais fazemos a Universidade são parte dos problemas de dependência dos países de Terceiro Mundo.
a)    Estão reduzindo-as a uma instituição inútil, inócua, improdutiva, inexistente, “fechada”.
b)    A Ciência e a pesquisa ficam sem a sua única base possível para, efetivamente, integrar-se a sociedade.
c)    Essa perecer ser a tendência que existe nos últimos anos no Brasil.
d)    Necessário propor o que deve caracterizar a universidade, para as pessoas poderem agir de forma a construí-la e não apenas acabar com a que não está satisfazendo.
e)    Ela precisa ter interlocutores na população tanto quanto em cargos de representação política, de modo, a convencer que a Ciência é um empreendimento e um tipo de atividade importante para o País.
f)     Não reduzir os alunos a “simples ouvintes” que lhe são apresentados informações, as quais, são confundidas como “conhecimento”.
g)    Preservar a Universidade como instituição e mudá-la como organização.
h)   Reivindicar por verbas públicas adequadas para o financiamento da pesquisa científica.
i)     Nos últimos 20 anos, as verbas públicas para a pesquisa foram reduzidas a um terço – significa que o país parou a produção de conhecimento que possibilitaria a construção de tecnologia necessária para superar seus problemas.
j)      Hoje o Brasil “compra tecnologia” e “adota informações” – ele consome o que outros países produzem.
k)    Reivindicação Fundamental: desenvolver nossa própria produção de conhecimento e tecnologia, por meio de uma universidade íntegra e competente e com recursos necessários para fazer isso.
v  Há pouca transparência e falta de acesso e também ausência de participação na elaboração do orçamento de Ciência e Tecnologia (C&T).
a)    A comunidade científica tem feito propostas ao governo e, em geral, não tem sido atendida.
b)    Os cientistas consideram que a atual organização do Sistema de Ciência e Tecnologia Nacional tem muitos defeitos.
c)    Necessita da integração dessas agências (FINEP, CNPq e estatais) em um sistema coerente com uma política bem definida de apoio a C&T, incluindo a participação das universidades e sociedades científicas e com verbas estaduais e federais.
d)    Qual o sistema e quais os seus componentes que precisamos para o desenvolvimento da C&T  e do Ensino Superior que o país necessita?
v  O sistema educacional, a política e a economia do Brasil são “estudados” por agentes externos ao Brasil e por grupos políticos e econômicos diversos,
v  Também a Psicologia no País interessa ser “estudada” como um possível meio para interferir no que é feito no País.
v  Faremos a Psicologia ditada burocraticamente por agência de poder já consolidadas de acordo com interesses e objetivos, que podem não corresponder ao que interessa ao País e ao desenvolvimento do conhecimento em Psicologia.
v  A direção do trabalho científico e tecnológico precisa ser orientada sobre a base segura do conhecimento da realidade social com suas necessidades e de cada área de conhecimento.
v  Parece que, em muitos casos, “prioridade” tem sido “fazer aquelas pesquisas que dão informações para a tecnologia que vai ser desenvolvida fora do Brasil”.        
v  É preciso identificar com clareza a manipulação do dinheiro da Ciência.
v  A Universidade Brasileira tem muitos aspectos de inventividade, que não chega até o público, até a população.
v  A produção C&T não é acessível, mesmo para apoiar outros trabalhos científicos no país.
v  É preciso uma política de inovação no uso e na administração do produto da atividade científica.
v  Não há uma política de administração da utilização do conhecimento científico fora da Universidade.
v  Ciência não é uma atividade individual, é um empreendimento coletivo. Exigindo decisões coletivas e políticas.
v  Política científica em Psicologia não se fará sem a participação dos cientistas e das universidades do País, nem sem instrumentos, instituições e atividades que tenham apropriadas para que essa participação coletiva seja real, significativa e emancipadora.

23 de fev. de 2014

Resumo - Definição de Psicopatologia e Ordenação de seus Fenômenos

Disciplina
Psicopatologia Geral
Autor(es)
Paulo Dalgalarrondo
Título
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais

Capítulo 2
Definição de Psicopatologia e Ordenação de seus Fenômenos

Definição de Psicopatologia
v  Conceito de Campbell (1986): psicopatologia como ramo da ciência que trata a natureza essencial da doença mental – suas causas, mudanças estruturais e funcionais e suas formas de manifestação.
v  Conceito amplo: conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano.
a)    Esforça-se para ser sistemático, elucidativo e desmistificante;
b)    Visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori.
v  Psicopatólogo: não julga moralmente o seu objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental. O conhecimento que busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações.
v  Campo da psicopatologia: vivências, estados mentais e padrões comportamentais que apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica, e por outro, conexões complexas com a psicologia do normal.
v  Raízes da psicopatologia:
a)    Tradição médica que propiciou a observação prolongada e cuidadosa de um considerável contingente de doentes mentais.
b)    Tradição humanística (filosofia, literatura,artes, psicanálise) que sempre viu na “alienação mental”  uma possibilidade rica de reconhecimento de dimensões humanas, que sem este fenômeno permaneceriam desconhecidas.
v  Conceito de Karl Jaspers (1883 – 1969): é uma ciência básica, que serve de auxílio à psiquiatria, a qual é, um conhecimento aplicado a uma prática profissional e social concreta.
a)    Limites da psicopatologia: embora o objeto de estudo seja o homem na sua totalidade, seus limites consistem em que nunca se pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos.
b)    Domínio da psicopatologia: estende-se a todo fenômeno psíquico que possa apreender-se em conceitos de significação constantes e com possibilidade de comunicação.
c)    Psicopatologia como ciência: exige um pensamento rigorosamente conceptual e sistemático e que possa ser comunicado de modo inequívoco.
d)    Oculto do indivíduo: quanto mais reconhece e caracteriza o típico de acordo com princípios, mais reconhece que, em todo o indivíduo, se oculta algo que não pode conhecer. Perdendo aspectos essenciais do homem, nas dimensões existenciais, estéticas, éticas e metafísicas.

Forma e Conteúdo dos Sintomas
v  Forma: sua estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva, etc).
v  Conteúdo: o que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc).
a)     É mais pessoal e dependem da história de vida do paciente, seu universo cultural e personalidade prévia ao adoecimento;
b)    Relacionam-se a temas centrais da existência humana;
c)    Esses temas representam uma espécie de substrato, que entra como ingrediente fundamental na constituição da experiência psicopatológica.

Quadro 2.1 - Temas existenciais que se expressam no conteúdo de sintomas psicopatológicos.
Temas e interesses centrais para o ser humano
O que busca e deseja
Sexo
Alimentação
Conforto físico
Sobrevivência e prazer
Dinheiro
Poder
Prestígio
Segurança
e controle sobre o outro

Quadro 2.2 – Temores que se expressam no conteúdo de sintomas psicopatológicos.
Temas e interesses centrais para o ser humano
Formas comuns de lidar
Morte
Religião/mundo místico
 Continuidade através de novas gerações
Ter uma doença grave
Sofrer dor física ou moral
Miséria
Vias mágicas, medicina, psicologia, etc.
Falta de sentido existencial
Relações pessoais significativas
Cultura

A Ordenação dos Fenômenos em Psicopatologia
v  Estudo da doença mental: Inicia-se pela observação cuidadosa das manifestações. É preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar em determinada perspectiva.
v  Classificação Aristotélica: o problema da classificação é a questão de unidade e variedade dos fatos e conhecimentos que sobre eles são produzidos.
v  Fenômenos Humanos para a Psicopatologia:
a)    Fenômenos semelhantes: a todas as pessoas, experiências semelhantes a todos (fome, sede, sono, medo).
b)    Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes: fenômenos que o homem comum experimenta, mas apenas em parte são semelhantes ao que o doente mental vivencia (tristeza).

c)    Fenômenos qualitativamente novos, diferentes: praticamente próprios apenas a certas doenças e estados mentais (psicóticos, alucinações, delírios, etc).