Disciplina
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Temáticas de Pesquisa em Psicologia
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Autor(es)
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Maria Cecília de Souza
Minayo (Org.)
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Título
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Pesquisa Social – Teoria, Método e Criatividade.
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Capítulo
I
|
O Desafio da Pesquisa
Social
|
Ciência e
cientificidade
Ø
Sempre existiu a preocupação do homem com o conhecimento da realidade.
Ø
É uma busca de conhecimento não exclusiva, não
conclusiva e não definitiva.
Ø
No mundo ocidental a ciência é a forma hegemônica
de construção da realidade:
a)
Devido à possibilidade de responder questões técnicas e tecnológicas.
b)
Ao estabelecimento de uma linguagem fundamentada em conceitos,
métodos e técnicas. Utilizada de
forma coerente, controlada e instituída por uma comunidade que a
controla e administra sua reprodução.
Ø
O campo científico apesar de sua normatividade é permeado por conflitos e contradições.
a)
Cientificidade das ciências sociais: uniformidade x especificidade.
b)
Paul de Bruyne et al. (1995): cientificidade
comporta um pólo de unidade e um
pólo de diversidade.
Ø
Reflexão sobre cientificidade das ciências sociais:
a)
Tratar de uma realidade da qual nós somos
agentes, não escapa da possibilidade
de objetivação?
b)
Buscar a objetivação
própria das ciências naturais não descaracteriza
os fenômenos e processos sociais?
c)
Que método
geral poderia ser proposto para explorar uma realidade tão marcada pela especificidade e diferenciação?
d)
A pesquisa
social se faz por aproximação, mas
ao progredir, elabora critérios de
orientação cada vez mais precisos.
Critérios Gerais
das Ciências Sociais (CS)
Ø
O objeto das
ciências sociais é histórico.
a)
Deve-se considerar a construção social em um
dado espaço e sua forma particular de organização, entretanto, todas que vivenciam a mesma época histórica têm alguns traços em comum.
b)
As sociedades vivem o presente marcado por seu passado e com tais determinações
constroem seu futuro.
c)
É uma dialética
constante entre o que está dado e o que será fruto de seu protagonismo.
d)
Possui consciência
histórica. Está ligado ao nível de consciência histórica da sociedade, que dão significado a suas
ações e construções.
Ø
Como características
da questão social, estão presentes: provisoriedade,
dinamismo e a especificidade.
Ø
Existe uma identidade
entre sujeito e objeto, tornando-os imbricados e comprometidos.
Ø
As CS são intrínseca
e extrinsecamente ideológicas, passa
por interesses e visões de mundo historicamente criadas.
Ø
Na investigação social a relação entre pesquisador e seu campo de estudos se estabelece definitivamente.
Ø
A relação entre conhecimento e interesse deve
ser compreendida como critério de
realidade e busca de objetivação.
Ø
O objeto das
CS é essencialmente qualitativo.
Conceito de
Metodologia de Pesquisa
Ø
Metodologia:
é entendida como um caminho do pensamento
e prática exercida na abordagem
da realidade.
a)
Teoria da abordagem (método);
b)
Instrumentos de operacionalização do
conhecimento (as técnicas);
c)
Criatividade do pesquisador (experiência,
capacidade pessoal e sensibilidade).
Ø
Pesquisa:
atividade básica da ciência na sua indagação
e construção da realidade.
a)
Atualiza frente à realidade do mundo;
b)
Vincula pensamento e ação;
c)
As questões da investigação estão relacionadas a
interesses e circunstâncias socialmente condicionadas;
d)
Toda investigação se inicia por uma questão, por
um problema, que ao serem respondidos se vinculam a conhecimentos anteriores ou
a criação de novos referenciais.
Ø
Teorias: conhecimentos
que foram construídos cientificamente sobre determinado assunto.
a)
Construída para compreender um conjunto de proposições;
b)
Este conjunto constitui o domínio empírico da
teoria;
c)
Esclarece o melhor o objeto da investigação;
d)
Ajudam a levantar questões, focalizar o
problema, as perguntas e estabelecer hipóteses;
e)
Maior clareza na organização de dados;
f)
Iluminam a análise de dados.
Ø
Proposições:
são declarações afirmativas, são hipóteses
comprovadas sobre fenômenos ou processos sobre os quais interrogamos, e
devem ter características básicas:
a)
Capazes de lançarem luz sobre questões reais;
b)
Claras e inteligíveis;
c)
Precisão nas relações abstratas entre elementos,
fatos e processos que buscam explicar ou interpretar.
Ø
Discurso:
conjunto de proposições logicamente relacionadas em uma teoria, com as
seguintes características:
a)
Ordenação
do que é principal e do que é secundário;
b)
Apresentação sistemática;
c)
Organização do pensamento e sua articulação
com o real concreto;
Ø
A teoria tem
como proposta ser compreendida pelos
membros de uma comunidade acadêmica.
Ø
Domínio
de teorias: fundamenta nosso caminho do pensamento e da prática
teórica além de constituir o plano interpretativo para nossas indagações de pesquisa, seja para
desenvolvê-las, para respondê-las, ou para, propor um novo discurso.
Ø
Conceitos:
são vocábulos ou expressões carregados de sentido
(história e ação social).
a)
Aspecto cognitivo: o conceito é delimitador e
focalizador do tema em estudo.
b)
Ao formular um problema de pesquisa, conceitue
cada um dos termos.
c)
Realize uma pesquisa
bibliográfica para cada uma das expressões e trabalhe-as historicamente,
com divergências e convergências.
d)
Somente após coloque sua posição e hipóteses.
e)
Ao delimitar
um conceito, considerá-lo se este é valorativo,
pragmático e comunicativo:
(1) Valorativo – a que corrente teórica os
conceitos adotados estão filiados.
(2) Pragmático – capacidade de ser operativo
para descrever e interpretar a
realidade.
(3) Comunicativo – claro, preciso,
abrangente e ao mesmo tempo específico.
f)
Classificação
de conceito:
(1) Conceitos teóricos – compõem e
estruturam o discurso da pesquisa, nível da abstração.
(2) Conceitos de observação direta – definem
os termos com os quais o pesquisador trabalha em campo ou nas análises
documentais.
(3) Conceitos de observação indireta – fazem
a relação do contexto da pesquisa com os conceitos da observação direta.
Pesquisa
Qualitativa
Ø
Trabalha com o universo dos significados, dos
motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.
Ø
O universo da produção humana que pode ser
resumido no mundo das relações, das representações e da intencionalidade.
Ø
Positivismo:
principal influência nas CS é a utilização da filosofia e conceitos matemáticos
para a compreensão da realidade. O que resulta na apropriação
da linguagem de variáveis para especificar atributos e qualidades do objeto de
investigação.
Ø
Objetividade:
A análise social é considera objetiva quando é realizada sobre realidade concreta ou pela criação de modelos matemáticos por instrumentos padronizados
e pretensamente “neutros”.
Ø
Compreesivismo:
Em oposição ao positivismo a Sociologia
Compreensiva responde diferente à questão qualitativa (fenomenologia,
etnometodologia, interacionismo simbólico).
a)
Coloca como foco a compreensão da realidade humana vivida socialmente.
b)
Sendo o significado
o conceito central da investigação.
c)
Propõe a subjetividade
como constitutiva do social e inerente à construção da objetividade nas CS.
d)
Tem como matéria-prima
as vivências, experiências, a
cotidianeidade. A linguagem, os símbolos, as práticas, as relações e as coisas
são inseparáveis.
Ø
Marxismo:
a abordagem marxista considera a
historicidade dos processos sociais
e dos conceitos, as condições socioeconômicas
de produção do fenômenos e as contradições
sociais.
a)
Propõem uma abordagem dialética, que valoriza quantidade e qualidade, com as contradições intrínsecas às ações e
realizações humanas, e com o movimento
perene entre parte e todo e interioridade e exterioridade
dos fenômenos.
Ciclo da pesquisa qualitativa
Ø
A pesquisa não precede da criatividade, e sim se
baseia em conceitos, proposições,
hipóteses, métodos, técnicas, linguagem, com um ritmo próprio e particular.
Ø
A esse ritmo
denominamos Ciclo de Pesquisa:
a)
Um trabalho em espiral.
b)
Começa com uma pergunta e termina com uma resposta
ou produto, que dá origem a novas interrogações.
c)
Divididos em três etapas:
(1) Fase
exploratória
i.
Produção do projeto de pesquisa;
ii.
Preparo para entrada no campo;
iii.
Definição e delimitação do objeto e
desenvolvê-lo teórico e metodologicamente;
iv.
Colocar hipóteses e pressupostos para
encaminhamento;
v.
Escolher e escrever os instrumentos de
operacionalização;
vi.
Pensar o cronograma de ação;
vii. Fazer
procedimentos exploratórios para escolha do espaço e da amostra.
(2) Trabalho
de campo
i.
Levar a construção teórica para a prática
empírica;
ii.
Combina instrumentos de observação, entrevistas
ou outras modalidades de comunicação e interlocução com os pesquisados;
iii.
Levantamento do material documental e outros;
iv.
Momento relacional e prático de confirmação ou
refutação de hipóteses e construção de teoria.
(3) Análise
do tratamento do material empírico e documental
i.
Conjunto de procedimentos para valorizar,
compreender, interpretar os dados empíricos, articulá-los com a teoria que
fundamentou o projeto.
ii.
Dividindo-os em três momentos de procedimento:
(a) Ordenação
dos dados;
(b) Classificação
dos dados;
(c) Análise
propriamente dita.
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