Disciplina
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Psicopatologia
Geral
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Autor(es)
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Paulo Dalgalarrondo
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Título
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Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais
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Capítulo 10
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A
Consciência e Suas Alterações
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Definições Básicas
1.
Definição
Neuropsicológica
a) Consciência
no sentido de estado vígil (vigilância).
b) Grau
de clareza sensório.
c) Trata
do nível de consciência.
2.
Definição
Psicológica
a) Soma
total das experiências conscientes.
b) Designa-se
campo da consciência – é a dimensão subjetiva da atividade
psíquica do sujeito que se volta para a realidade.
c) Capacidade
do indivíduo de entrar com a realidade.
3.
Definição
Ético-Filosófica
a) Utilizada
frequentemente no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia.
b) Refere-se
à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir responsabilidades.
c) Trata-se
da consciência moral ou ética.
4.
Definição
Fenomenológica
a) Desenvolvida
por Edmund Husserl (1859-1938).
b) Abandona
visão sensualista-empirista que compreendia a consciência como uma tabula rasa,
no qual os objetos imprimem sua marca.
c) A
consciência é ativa, visando o mundo
e produzindo sentido para os objetos que lhe apresentam.
d) A
intencionalidade (visar algo,
dirigir-se aos objetos) é própria da consciência.
5.
Estudos
sobre Consciência – John Searle (2000)
a) Explicar
caráter de unidade qualitativa subjetiva
da consciência.
b) Estados
da consciência são experimentados como um campo
de consciência unificado.
c) Os
estados são vivenciados com caráter
prazeroso ou desprazível, como
experiências totais e globalizantes (caráter
gestáltico) e com senso de familiaridade (ideia de casa).
Neuropsicologia da Consciência
1.
SRAA –
Sistema Reticular Ativador Ascendente:
a) Origina-se
no tronco cerebral, e sua ação
estende-se até o córtex, por meio de projeções talâmicas.
b) Seus
neurônios da parte superior da ponte e os do mesencefálo são importantes para a
ativação cortical – recebem impulsos
das vias ascendentes, que trazem estímulos intrínsecos e extrínsecos.
c) Lesões ou disfunções no SRAA produzem alterações do nível de consciência e
prejuízo a todas as funções psíquicas.
2.
Estruturas
altas do Telecenfálo:
a) Têm
participação crítica na gênese da consciência.
b) Ação
sincrônica de numerosas áreas corticais visuais
é uma pré-condição para a visão consciente.
3.
Lobo
Parietal Direito:
a) Relacionada
ao conhecimento do próprio corpo, objetos e do mundo.
b) É
fundamental para a atividade mental consciente.
4. Áreas
pré-frontais: também fundamental para atividade mental consciente.
5.Interações
Talamocorticais: realizam a ativação
e integração da atividade neuronal cortical relacionada à consciência.
6.
Tálamo:
a) Filtra,
integra e regula informações que chegam ao cérebro (partem do tronco cerebral e
se dirigem ao córtex e subcórtex).
b) É
interligado a todas as áreas do córtex cerebral – de forma que uma pequena
lesão talâmica pode produzir graves
alterações do nível de consciência.
Campo da Consciência
v A
consciência demarca um campo, no
qual se pode delimitar um foco, ou
parte mais central mais iluminada.
v Delimita
uma margem que seria a periferia
menos iluminada, mais nebulosa, da consciência.
v Segundo
a psicopatologia é na margem da consciência que surgem os chamados automatismos mentais e os estados subliminares.
1.
Inconsciente
a)
O conceito é um dos pilares mais importantes da psicanálise e da psiquiatria dinâmica.
b)
Freud: verdadeiro
inconsciente (incapaz de
consciência) e pré- consciente (sentimentos
suscetíveis de serem recuperados por meio de esforço voluntário).
2.
Características
funcionais do inconsciente
a)
Atemporalidade:
os processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não se alteram com
a passagem do tempo.
b)
Isenção
de contradição: não há lugar para negação ou dúvida, tudo é absolutamente
certo, afirmativo.
c)
Princípio
do Prazer: visa evitar o desprazer e proporcionar prazer, por meio de,
descargas das excitações.
d)
Processo
primário: as cargas energéticas (catexias) são totalmente móveis –
deslocamento (cede energia a outra catexia) e condensação (apropriar-se de toda
a energia de outras catexias).
3.
Caráter
dinâmico do inconsciente
a)
Exige de forma permanente para lhe interditar o
acesso à consciência.
b)
Devido a resistência
para chegar ao inconsciente e pela produção
renovada de derivados do recalcado.
Alterações Normais da Consciência
1.
Sono
Normal
a) Estado
especial da consciência que ocorre de forma recorrente e cíclica.
b) É
uma fase fisiológica normal e
necessária do organismo.
c) Sono sincronizado não-REM: atividade
elétrica cerebral síncrona.
i)
Diminuição da atividade do sistema nervoso
autônomo simpático;
ii)
Aumento relativo do tônus parassimpático;
iii)
Permanecendo vários parâmetros fisiológicos
estáveis em um nível funcional mínimo;
iv)
Ocorrendo quatro estágios:
(1) Estágio 1: mais leve e superficial,
atividade regular do EEG, de 2 a 5% do tempo total de sono.
(2) Estágio 2: menos superficial, atividade
fusiforme do EEG, espículas de alta voltagem – complexos K, 45 a 55% do tempo
total de sono.
(3) Estágio 3: sono profundo, traçado
lentificado do EEG, com ondas delta, de 3 a 8% do tempo total do sono.
(4) Estágio 4: sono mais profundo, onda
delta e traçado bem lentificado, é mais difícil de despertar, de 10 a 15% do
tempo total de sono.
2.
Sono REM
a) Sua
duração em uma noite perfaz de 20 a 25% do tempo total de sono.
b) Padrão
do EEG é semelhante ao estágio 1, entretanto, não é um sono leve, tampouco
profundo.
c) Caracteriza-se
por instabilidade no sistema nervoso
autônomo simpático.
d) Há
um padrão de movimentos oculares rápidos
e conjugados.
e) Também
há um relaxamento muscular profundo e
generalizado, interrompido esporadicamente por contrações de pequenos
grupos musculares.
f) Irregularidades da freqüência cardíaca e respiratória e da pressão sanguínea.
g) Ocorre
a maior parte dos sonhos e em 60 a
90% se o indivíduo for despertado relatará que estava sonhando.
h) Dá-se
a ativação das vias neuronais que
ligam o tronco cerebral ao córtex occipital.
3.
Estruturas
fisiológicas
a) Núcleo Supraquiasmático: localizado no
hipotálamo anterior, é de fundamental importância na regulação fisiológica do
sono.
b) Glândula Pineal: secreta melatonina e
funciona como oscilador que controla
o ritmo sono-vigília no período de 24 horas.
c) Outras estruturas: sistemas reticulares
mesenfálicos e bulbares e os geradores do sono REM localizados na ponte.
d) Químicos neuronais do sono: neurônios
aminérgicos, colinérgicos e histaminérgicos.
4.
Sonho
a) Alteração
normal da consciência.
b) Vivências predominantemente visuais,
sendo rara a ocorrência de percepções auditivas, olfativas e táteis .
c) Freud: O sonho é uma solução
de compromisso entre o inconsciente (expulsar desejos para consciência) e o
consciente (impedir que tais desejos emerjam).
Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de
consciência
1.
Delirium: síndromes confusionais agudas – aspecto
confuso do pensamento e do discurso do paciente.
a) Frequente
na prática clinica diária, principalmente em pacientes com doenças somáticas.
b) Quadros
com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhado
de desorientação temporoespacial,
dificuldade de concentração,
perplexidade, ansiedade em graus
variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico, alucinações.
c) Não
se deve confundir delirium com o termo delírio (realidade encontrada
principalmente em psicóticos esquizofrênicos).
2.
Estado
Onírico: paciente entre em estado semelhante a um sonho muito vívido.
a) Predomina
a atividade alucinatória visual, com caráter cênico e
fantástico.
b) Há
carga emocional marcante, com angústia, terror ou pavor.
c) Manifesta
gritando, movimentando-se, debatendo-se na cama e às vezes com sudorese
profunda.
d) Há
geralmente amnésia consecutiva ao
período de estado onírico.
e) Pode
ocorrer devido a psicoses tóxicas,
síndromes de abstinências a substâncias e quadros febris tóxicos infecciosos.
Alterações qualitativas da consciência
1.
Estados
Crepusculares
a) Estado
patológico transitório, no qual, uma obnubilação
(obscurecimento) da consciência é
acompanhada de relativa conservação
da atividade motora coordenada.
b) Caracteriza-se
por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável.
c) Ocorrem
estados explosivos violentos e episódios de descontrole emocional.
d) Geralmente
ocorre amnésia lacunar para o
episódio inteiro, podendo se lembrar de fragmentos isolados.
e) Associados
a intoxicações com álcool ou outras
substâncias, após traumatismo cranianos,
quadro dissociativos histéricos agudos e eventualmente após choques emocionais.
2.
Estado
Segundo
a) Caracterizado
por atividade psicomotora coordenada,
entretanto, estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a
ela.
b) Atribui-se
uma natureza mais psicogenética, sendo produzido por fatores emocionais (choques emocionais intensos).
c) Atos são geralmente incongruentes, extravagantes, em
contradição com a educação, as opiniões ou a conduta habitual do sujeito
acometido.
3.
Dissociação
da Consciência
a) Fragmentação
ou divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano.
b) Observa-se
um estado semelhante ao sonho, geralmente desencadeada por acontecimentos
psicologicamente significativos que geram grande
ansiedade ao paciente.
c) Pode
ser vista como estratégia defensiva do
inconsciente para lidar com a ansiedade muito intensa; o indivíduo desliga
da realidade para parar de sofrer.
4.
Transe
a) Assemelha-se
a sonhar acordado, diferindo, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos
voluntários.
b) Ocorre
em contextos religiosos e culturais, pode
ser induzido por treinamento místico-religioso, com a sensação de fusão do eu
com o universo.
c) Não
confundir com transes histéricos que
é um estado dissociativo da consciência relacionado
a conflitos interpessoais e alterações psicopatológicas.
5.
Estado
Hipnótico
a) Estado
de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, e
que, pode ser induzido por outra pessoa.
b) Pode
ser lembrada cenas e fatos esquecidos
e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular,
alterações vasomotoras.
6.
Experiência
de quase-morte (EQM)
a) É
verificado em situações críticas de ameaça grave à vida.
b) São
experiências muito rápidas, em que um estado de consciência particular é
vivenciado e registrado por essas pessoas.
Perfeito, encontrei tudo que queria resumindo e bem explicado. Parabens!
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