Livro
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Os Dois Nascimentos do Homem: escritos
sobre terapia e educação na era da técnica.
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Autor(es)
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POMPÉIA,
João Augusto; SAPIENZA, Bile Tatit.
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Capítulo
7
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A Terapia e a Era da Técnica.
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Página 123
Anotação: Daseinanalyse se preocupa com a cura?
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Daseinanalyse não dá garantia de nenhum
resultado, não visa à cura, e leva tempo.
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Significa que ela não tem compromisso com nada?
Para que ela serviria? Ela produz algum efeito? Quais critérios? Há como
avaliar se a terapia produziu mudança?
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Estas questões trazem sentido em nossa época –
imersos no mundo da técnica.
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A terapia Daseinanalítica não se encaixa nos parâmetros
que vigoram neste nosso tempo = objetividade, pressa, controle.
Página 126
Anotação: Técnica não é um mero procedimento, mas uma
burocratização da modernidade.
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Técnica não é simplesmente sinônimo de
procedimento, pois o procedimento pode ter características pessoais, um jeito
próprio.
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A técnica é impessoal, ela é autônoma com
relação ao sujeito, pode ser usada por não importa quem, contanto que seja bem
aprendida.
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O que ela produz também deve servir para
qualquer pessoa a quem se destina o produto.
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O importante é que haja um objetivo bem definido
e especificação dos meios e instrumentos.
Página 127
Anotação: Mundo Contemporâneo e Técnica / Terapia seguindo
técnica.
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A própria técnica gera mais técnica – de maneira
autônoma.
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Ela se impõe como aquilo que dá a cara do mundo
contemporâneo.
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É compreensível que a terapia seja vista e
avaliada dessa mesma perspectiva, pelos mesmos parâmetros: precisão de
objetivos, eficácia, rapidez, apresentação de resultados.
Página 130
Anotação: Quem domina a técnica elabora o diagnóstico? Na
fenomenologia nós elaboramos o diagnóstico?
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A pessoa ao chegar expressa o seu desejo de que
o terapeuta seja capaz de livrá-la de alguma coisa que está atrapalhando e
precisa ser extirpada de sua vida... e depressa!
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Existe uma questão humana em jogo, cujo sentido
mais amplo fica perdido na maneira como o mundo da técnica costuma aproximar o
humano.
Página 131
Anotação: O que o terapeuta pode oferecer para o paciente?
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O que o terapeuta pode é ter o compromisso de
percorrer com o paciente um caminho em que, juntos, se aproximarão da história
vivida por ele, dos seus modos de ser consigo mesmo e com os outros, dos seus
planos de futuro, do que tem constituído a sua vida, incluindo aí aquilo pelo
que ele procurou a terapia.
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O terapeuta pode oferecer ao paciente é a
parceria na procura pela verdade da história, da qual fazem parte o seu momento
atual, o já vivido e o que está por vir, pois essa história está sempre em
aberto e reúne sua realidade, sonhos, conquistas e perdas; história que é a sua
identidade.
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O tempo que durar essa procura poderá ser a
oportunidade para que o paciente se dê conta de seu jeito de ser no mundo, para
que ele amplie sua compreensão de si mesmo como alguém que tem responsabilidade
pelo cuidado de sua vida, cuidado esse que abrange os outros e o mundo.
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O terapeuta não sabe quanto tempo será
necessário. Basta isso para vermos como essa concepção de terapia se afasta dos
parâmetros do tempo da técnica.
Página 139
Anotação: Dasein existe para aquilo que silencia?
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Mundo: horizonte de possibilidades de
manifestação dos entes. O qual atualmente é configurado pela técnica.
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Contudo, mesmo com essa configuração, mundo traz
sempre consigo uma força de projeto, que jamais se resumem a uma possibilidade
particular qualquer. Qualquer possibilidade particular encerra em si algo
silenciado.
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Embora o Dasein seja sempre enraizado em seu
mundo fático e possa se perder nas referências cristalizadas do seu mundo
cotidiano. Ele também pode ser sintonizado com o que está silenciado em seu
mundo e que, ao mesmo tempo, espera para ser acordado.
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O que silencia é aquilo que permanece retraído,
encoberto (não como mera negação dos entes), mas no encobrimento, traz em si a
possibilidade de que haja a abertura para a manifestação dos entes, para o
mundo como horizonte.
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Dasein: existe (ek-siste) aberto não só para o
mundo como horizonte de tudo o que se manifesta, mas também para aquilo que se
retrai, que se oculta e silencia.
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Por isso apesar da exuberância gritante da
técnica, há a possibilidade de prestarmos atenção e darmos ouvidos ao que
silencia, ao que fica no encobrimento.
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