Livro
|
Fundamentos de Psicologia – Aconselhamento psicológico
Numa Perspectiva Fenomenológica Existencial.
|
Autor(es)
|
MORATO,
Henriette.
|
Capítulo
XVIII
|
Caminhos e descaminhos da fala na
clínica psicológica: uma perspectiva fenomenológica existencial.
|
1.
Introdução
·
O homem contemporâneo tem marcas que revelam
quem ele é, como foi sua história, sua forma de estar no mundo, que desvelam
(ao que esta disposto a ouvir), um arsenal de conhecimento que parece brotar da
própria angústia, as dimensões do sofrimento e da fragilidade humana.
·
Este retrato do homem que se apresenta a clínica
psicológica vem buscar uma imagem de si, ao tentar construir-se ou
reconstruir-se à medida que participa da compreensão do seu existir.
·
Dimensão existencial do homem no mundo
fenomenal:
a)
Dá acesso a singularidade;
b)
Permite abarcar a própria experiência como obra
aberta;
c)
É autor e protagonista de sua própria história;
d)
Processo de descoberta da própria humanidade ao
resgatar seu vivido.
2.
Metodologia
·
Perspectiva fenomenológica-existencial:
procurando ir às próprias causas.
·
Sentido da fenomenologia: ver os fenômenos como
eles se mostram, tal como se apresentam.
·
Registro de experiência: através da narrativa –
uma forma artesanal de comunicação em que a experiência do narrador é a matéria
prima a ser trabalhada – forma de construção da experiência e da memória, como
de sedimentação e reconstrução do processo vivido.
·
Experiência e Narrativa: experiência se refere a
uma elaboração do fluxo do vivido que ocorre pela consolidação e incorporação
do singular e plural que compõe a vida do indivíduo, e a narrativa é a forma de
expressar essa pluralidade de conteúdos, em constante mutação no tempo.
·
Compreensão e Interpretação: dimensões
originárias de estar-no-mundo.
a)
Compreensão: o homem é compreensão, é abertura
ao ser, no mundo, interpretando entes que se mostram e ele dentro do mundo.
b)
Interpretação: se funde a compreensão, que não é
tomar conhecimento, mas elaborar as possibilidades projetadas na compreensão.
3.
Compreensão das entrevistas
·
Maneira como o homem se relaciona, o impede de
dar sentido às coisas, possibilitando a construção de patologias, podendo
impedir a sua liberdade e responsabilidade. Isentando-se de promover mudanças.
·
Cultura da máscara: manutenção de uma identidade
social que o isenta de assumir a responsabilidade de buscar sua própria identidade,
possibilitando a criação de um vazio existencial.
·
Quem entra em processo terapêutico corre o risco
do enfrentamento ao se deparar com uma imagem de si até então “protegida” pelo
medo de ser revelada.
·
A psicoterapia é um contexto significativo que
acolhe o sujeito em sua diferença, ao mesmo tempo em que lhe devolve a
responsabilidade e a liberdade de escolha.
·
Ao permitir me escutar, meu sentir tem a
possibilidade de se expressar.
·
Cliente e terapeuta estabelecem uma relação de
encontro de abertura de possibilidades, de contato direto entre mundos. A fala
é dirigida a – ao ser tocado o cliente se despe, diz de si, dá-se a conhecer,
pois é somente nessa fala, que o outro, a quem o terapeuta se dirige, que
constitui como pessoa e não como uma esfera fictícia cujo fato de viver se
reduz a ser escutado.
·
Busca-se na clínica a abertura do sujeito para
regiões de si, a permissão para adentrar em seu ser e resgatar uma fala
geradora de novas possibilidades, uma fala-atitude, mobilizadora,
investigativa. Uma fala-peregrina, sempre à procura de compreender seu modo de
ser e de se mostrar. Uma fala criadora e renovadora, uma fala própria e
singular.
·
Falatório: falar sem necessariamente haver
preocupação com a veracidade de um ponto de referência, pois o que faz sentido
é “repetir e passar adiante a fala”. É impessoal, não se apropria, assim, corre
o risco de fracassar, não assume a responsabilidades e elabora uma
compreensibilidade indiferente, sem nada excluir, mas também sem nada
autenticar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário